A busca pela felicidade faz parte da natureza humana, de forma intencional ou até implicitamente esta busca ocorre frequentemente e isto parece demonstrar com muita clareza que nós não somos aquilo que gostaríamos de ser e também não somos aquilo que fomos criados para ser.
Então parece razoável crer que de alguma forma, todos os seres humanos buscam a felicidade, mesmo sem compreendê-la ou em muitos casos sem ter muita noção de como encontrá-la. Seria possível ainda associarmos felicidade à esperança, ou melhor dizendo, talvez, o que existe de fato seja a esperança de ser feliz... algum dia, em algum lugar ou de alguma forma.
Primeiro é preciso pensar que a felicidade não é um fim e sim um caminho, pelo menos foi assim que o teólogo Ed Rene Kivitz definiu em sua palestra “A tirania da felicidade e o mundo do trabalho”. Esta definição é fantástica pois se a felicidade fosse um fim, enquanto não o alcançássemos não seríamos felizes, mas defini-la como um caminho nos mostra que desde o primeiro passo é possível vivê-la e isto muda completamente a nossa maneira de pensar e reagir sobre o tema.
Veja aqui neste link do Youtube (a partir do minuto 46) o vídeo que traz sem dúvida nenhuma a melhor definição de felicidade que já vi: A Tirania da Felicidade e o Mundo do Trabalho - Ed René Kivitz.
Quando criança eu associava, de alguma forma, a felicidade a bens materiais, mais especialmente em carro. Como erámos pobres e morávamos em um sítio, carro era coisa para poucos e eu imagina que se um dia eu tivesse um... aí sim, seria feliz. O tempo passou, os carros vierem e muitos já passaram pela minha garagem, mas em quase nada eles agregaram felicidade. Então, a pergunta ainda continua: O que é ser feliz?
Desta forma, o conceito de felicidade é em primeiro lugar diferente para as pessoas em si e também parece que ele muda com o passar do tempo. É desta forma que entendo como a sociedade vê essa questão da felicidade. Dinheiro, posses, poder, fama, status, beleza, sucesso, entre outros são os principais elementos usados com mais ou menos intensidade, mas de maneira geral eles compõe o pacote que a sociedade compra e vende como a felicidade.
Como definido acima, para a sociedade atual a relação entre um e outro é praticamente direta e igualmente proporcional, isto é, quando mais dinheiro, mais felicidade. Existe inclusive uma piadinha popular que diz que dinheiro não traz felicidade e sim manda comprar! É um erro este pensamento, mas parece que cada vez mais ele se enraíza na sociedade atual.
Quando algumas pessoas descobrem tardiamente que aquilo que ele buscava como sendo a felicidade não passava de fumaça e que ele desprezou com isso coisas mais importantes como a família, Deus, o relacionamento sadio com amigos e pessoas próximas, geralmente surge esse pensamento de que eu era feliz e não sabia. É um dejavú, uma reflexão acerca das perdas importantes, dos momentos da infância e de algo que foi importante, mas não se deu a devida importância.
Ou seja, pode-se dizer que alguém é totalmente feliz?
Como visto no vídeo acima, a felicidade é um caminho a trilhar e portanto, enquanto aqui estivermos não seremos felizes plenamente, mas podermos estar no caminho que finalmente nos levará a verdadeira e eterna felicidade.
O padrão da sociedade não é muito diferente do conceito que eu tinha quando criança, embora hoje ele seja mais elevado do que ter apenas um carro, mas também ter muito dinheiro, bens e outros recursos materiais. Além disso a sociedade incluiu mais alguns itens na lista de felicidade, como sucesso (que pode ser no casamento, família, nos negócios, etc), fama e em muitos casos poder.
Eu não estou enrolando para responder no final e fazer você ler o texto todo, eu na verdade não tenho a resposta. Ou pelo menos não a tenho como as pessoas gostariam que fosse, ou seja, algo concreto e junto uma fórmula de bolo de como ser feliz. Isto não existe, mas existe um caminho e sobre este caminho, aí sim é possível afirmar com certeza que é possível ser feliz.
Como cristão me preocupo com a questão da felicidade, a minha e de outras pessoas. Os ensinos de Jesus Cristo apontam muito para a felicidade do próximo em detrimento da minha. Mas isto como a caminhada terrena.
Pelo menos a minha leitura do evangelho de Jesus é que não devemos nos preocupar tanto com a nossa felicidade, mas se for para preocupar que inclua a felicidade do outro. Esta não é uma leitura muito popular no meio cristão atualmente, mas eu vejo desta forma.
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